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segunda-feira, 17 de março de 2008

Rosa Morena

Holga 120 CFN Fujicolor 160 ASA (editada em PS)

Rosa Morena

Rosa morena
Sinto o teu aroma
Pelos jardins desta cidade
Das memórias
Passo as mãos pelo vento
Por vezes julgo levar-me a ti
Ás tuas raízes
Mas todas as ruas
São veias tuas
Cada janela um pigmento do teu olhar
Cada carril de eléctrico
Fios dos teus cabelos
Eléctricos!
Magnéticos!
Como encontrar-te?
Quando realmente és:
A calçada das minhas utopias
O céu do horizonte a’mar assinalado
Tu és a’cidade
Eu assiduidade do teu corpo

David La Rua 2007

Noite (D)espio-te

Holga 120 CFN Fujicolo 160 ASA

Vista da minha varanda...

Noite (D)espio-te
Noite como estás?
Já despi-te lua acima
Tropecei nas tuas cicatrizes
Vi por’entre a tua escuridão
Deixa-me agora falar-te
Passar as minhas palavras
Por’ventre o teu leito
Nua
Crua
Restam-me agora as janelas
Onde a telescópio (d)espio-te
Em noites virgens
E vejo-te sorrir
Ora com os lábios
Ora com o olhar
Imagino-me astronauta
Mas só o meu pensamento flutua
E esse já pintou galáxias
Ganhou assas e foi Verne

Noite como estás?
Sigo-te como um espião…

David La Rua 2007

Starcat

Holga 120 CFN Fujicolor 160 ASA

Esta vai para a minha gata Dalí, que passa o dia inteiro a olhar pela janela, na esperança que um dia eu me esqueça de deixar caminho livre para o telhado.

Telhado = Gatos.
Gata + Gato = Gatinhos.
Logo Telhado = Mau!

ÃoAuIo

O cão iu
Ão iu
O miau iu
Au iu
O pio iu
Io iu Ão
O cão foi atrás do miau e pio fugiu Io Io
O cão mordeu o miau Au
Au
Au
Au
O cão ladrou o pio
Io
Io
Io





David La Rua 2007

Corona Exposed

Holga 120 CFN Fujicolor 160 ASA e a minha Azul Celeste Smith Corona " Maradona das Máquinas de Escrever" para os amigos!

Aquela folha que todos lêem

Aquela folha que todos lêem
Aquela folha prostituta
Vadia
Aquela folha que todos cospem
Gritam
Aquela folha que todos lambem
A ponta dos dedos
Para folhear
A já nada virgem folha em branco
Aquela folha que rasgamos
Onde assinas a batom
Vermelho!
Sangue!
Aquela folha
Que folha?!
Aquela folha das crianças
Esperanças!
Aquela folha dos senhores
Horrores!
Aquela folha dos amores
Favores!
Aquela folha do ódio
Ópio!
Aquela folha
Que folha?!
Aquela que te prostitui
Que te vulgariza palavras
Em nó de gravata
Ata!
Aquela folha, incendeio-te
Odeio-te!
Morre como os teus autores
Permanências de tinta
Que comecem os horrores ó senhores!
Aquela folha que todos lêem
E poucos vêem!

David La Rua 2007

Stairway to




A janela e única fonte de luz do meu quarto em V deitado. Nesse dia o azul fez-se cinzento e da branca nuvem, caíram gotas e mais gotas...lembro-me do cabelo molhado e pouco mais...o resto do dia foi a sol, mas não guardo na retina a cor amarela.


Holga 120 CFN Fujicolor 160 ASA

Onde estás estrada amarela?

Eu menino dos olhos verdes
Espero-te menina dos sapatos vermelhos
Na calçada cinzenta de Lisboa
Afinal nem toda a cor é o que aparenta
Como sempre dizem os velhos
Fui ao parque das cores primárias
E lá não te encontrei
Comi toda a verde relva? Já não sei!
Passei pelo mercado
Um raid de cores atacou-me!
Conclusão: se estavas lá
Passou-me!

David La Rua 2007

Blue Unvelvet Sky


Holga 120 CFN Fujicolor 160 ASA

Igreja de S. Vicente de Fora. Lisboa
Primeira incursão na Holga em dupla exposição

Ombreira Eléctrica

Holga 120 CFN Fujicolor 160ASA

A primeira das Holguitas. A menina espera. Eu esperava. Ela adormece. Eu acordo. Ai vem o 28.
Ela acorda. Eu baixo a máquina. A menina por lá já não anda. E eu? Apanhei o 28.

Ele e Ela

Boa – Diz ele!
Noite! – Diz ela.

Agora? – Diz ele.
Agora! – Diz ela.

Hmm – Diz ele.
Sim… – Diz ela.

Até – Diz ele.
Já – Diz ela.
David La Rua 2007


A Holga revela-se!

Lá fui eu com o meu primeiro rolo de 120 da minha amiga Holga no bolço e, mandar revelar e ampliar a 10X10...um pequeno formigueiro cresce, ao mesmo ritmo da curiosidade. Esta coisa de ter uma câmara com vida própria tem o seu Q

Avenida da Liberdade. 10 da manhã. Complet View (não sou patrocinado não, infelizmente). Entrego o rolo e compro um novo agora de 400ASA Plus B&W da Ilford (...também não patrocinado...) -"Passe por cá lá pelas 13h que já deve estar pronta a revelação e ampliação". –Sim senhor - Digo eu com uma estúpida e negligente calma.
Reunião e tal...tic tac 13h. Envelope vermelho...
...e aqui estão as Holguitas:





Envelope Vermelho (letring a vermelho para tornar a mensagem mais forte e "pandan" com a carta)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Declare Independence!!!

Este é o novo vídeoclip do álbum Volta da Björk, com a assinatura do mágico Realizador Michel Gondry. Palavras para quê, dois dos maiores artistas dos nossos tempos...

A Amiga Holga!


E pronto não resisti...
Fui à Embaixada Lomográfica de Lisboa e, comprei uma "amiga Holga" seu nome de código Holga 120 CFN: Preta, Média estatura, e leve...muito leve.
Cheguei a casa. Abri a caixa e lá está ela! Hmmm vamos lá ver...a câmara, muito bem. Uma caixa de cartão com pilhas AA; Tape Preta; uma fita de segurança e um filme de 120mm de 160 ISO da Fugicolor. No fundo da caixa um fantástico livro da Holga "The World Though A Plastic Lens" cheio de fotos tiradas por todo o mundo e, uma boa forma de vermos ideias e potencialidades da câmara. Seguro. Manual. Brinde!

Hmmm manual estranho...como vou montar esta minha amiga, salvo seja...hmmmm. YOUTUBE!!!!!!

Aqui fica um pouco da história desta câmara:

A câmara Holga foi produzida inicialmente em 1981 na China, com a função de ser uma câmara barata e acessível à boa parte da população e que utilizasse o então filme mais popular na China, o filme 120 (médio formato).

O sucesso da Holga se deu graças à popularização das toy-cameras e da fotografia lo-fi no Ocidente, sendo vendidas mais de meio-milhão de unidades em 20 anos em mais de 30 países.

Sendo considerada a sucessora da câmara Diana, a Holga mantém a estética lo-fi, utilizando lentes e corpo de plástico. As lentes de plástico causam distorções nas fotos, criando um efeito de "sonho", que tem sido muito procurado por fotógrafos de arte, amantes da fotografia e entusiastas em geral. Esse efeito é causado pela má qualidade das lentes e por serem em uma única peça, diferente da maioria das câmaras. Outro efeito conhecido é o Vignetting, que ocorre quando a câmara expõem sobre um frame de 6x6cm, deixando as bordas do frame mais escuras que sua parte central. A Holga apresenta medidas de abertura de diafragma, porém essas medidas não funcionam correctamente, portando a câmara usa a abertura aproximada de f/8 de forma fixa.

Hoje estão disponíveis diversos modelos de Holga:

Holga 120N - Sem flash embutido, modo B (bulb), rosca para tripé.
Holga 120FN - Flash Embutido, modo B (bulb), rosca para tripé.
Holga 120CFN - Flash colorido embutido, rosca para tripé.
Woca 120GN - Versão da Holga 120N com lentes de vidro.


Já que estamos numa de canal História, deixo um documentário feito pela BBC, sobre a cultura da Lomografia por todo o mundo.


Algumas fotos tiradas com a Holga 120CFN:

























Espero no final do mês estar aqui a mostrar as minhas primeiras fotos com a minha amiga Holga! Até já!

Sites úteis:

Lomography

Lomography Shop

Lomography Tips

Holga

Lomografia Portugal

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Há mar e mar...



...

Shortfilm

Realização e Edição: David La Rua
Música: Lhasa - De cara a la pared

CHINALEAF



Curta-Metragem
Hi8
2007 Portugal

Curta realizada tendo como base uma História de Tom Waits do Álbum Bawlers.

Realização e Edição: David La Rua
Com: Patrícia Leal
Música/História: Tom Waits "Young at Heart"

Amor Ódio



Spot Publicitário
Para os espaços/cafés Amo-te

Mini-Dv Panasonic Dv-X100b

Realização e Edição: David La Rua
Com: Sérgio Vaqueiro

Metrónomo no Fantas Porto




O Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto está de volta. A 28ª edição volta a elevar a cidade do Porto a capital mundial do cinema. O festival abre oficialmente no próximo dia 25 de Fevereiro. Para a sessão de abertura está reservado o multipremiado filme “No Country for Old Men” dos irmãos Coen (“Fargo”), sendo antecedida a sessão de um espectáculo multimédia e animação diversa na entrada do Teatro Rivoli. Uma passadeira vermelha, robots de luzes e teatro de rua ajudam ao glamour com que se vai celebrar este início de festa. Na sala, uma abertura diferente, encenada, um espectáculo que antecede a grande antestreia que marca o início do evento.

No próximo dia 8 de Março pelas 15:30h o filme Metrónomo, vai passar no Fantas Porto, no âmbito do Panorama Português de Curtas-metragens.
Esta é a terceira vez que o filme é exibido em sala de cinema, depois de premiado na categoria de Melhor Som (Filipe Chagas) e Jovem Realizador (David La Rua) no Ovar Vídeo 2007; depois numa mostra no festival ArtNonStop no Teatro A Barraca e agora na mítica sala do Teatro Rivoli.

Aqui fica o trailer do filme mais Screenshots e as fotografias de cena da fotógrafa Raquel Fialho:































Sreenshots do filme:

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Manhã Fria






Manhã fria,
O nevoeiro inundava-me os poros como nunca,
Estava no meio de uma floresta nua de Outono,
Via os braços despidos das mulheres de madeira,
Os seus cabelos em riste e firmes,
Ao longe, bem ao longe,
Ouvia um silvo, mas que silvo?
O zumbido trespassava-me o tímpano,
Com medo fechava as pálpebras,
Cerrava os lábios,
Por momentos e, só por momentos,
Não havia som,
Tacto,
Paladar,
Olfacto,
Melhor do que tudo,
Não sentia frio…
Estava em berço de aurora…

Abro em livro de capa rija todos os meus sentidos,
Corro dentro de mim,
Agarro de unhas e dentes as minhas cordas vocais,
Vejo a Luz,
Estou cada vez mais perto,
Sim! Estou mais perto!
Quando a luz já me queimava a retina,
Grito
Ténue
Frágil
Não era o que esperava,
Imaginava algo,
Estridente
Roda dentada em roda dentada enferrujada
Algo que fizesse Eco, sabes?
Só mais tarde,
Que não muito mais tarde,
Entendi!
Não era por minha culpa,
Que a minha voz não rasgou rédeas,

Flashback:
Um pardal castanho havia-me seguido,
Seguido pé ante pé pelo orvalho da floresta,
Quando cerro o meu andar,
Exactamente antes de ouvir um tal de silvo,
O pequeno Pardal migra,
Até ao miradouro da minha ombreira,
E em minúcia,
Aproxima o seu pequeno bico amarelo do meu ouvido,
E qual o meu espanto quando o chilrear,
O tão aguardado chilrear,
Se transforma em verbos,
Em sílabas,
Ele falava a minha língua,
Ou seria eu que falava a sua?
Olhei para as minhas mãos,
Mas mãos não vi,
Tinha ganho penas em vez de dedos
Cinco, Não!
Milhares!
Foi então que me assustei,
Mas por pouco tempo,
O pequeno Pardal pôs a sua asa esquerda sobre a minha orelha direita,
E formou uma espécie de concha em seu redor
Um berço, por assim dizer

- Quando perderes os sentidos. Quando sentires que a falta e frio é algo que te aflige.
Quando quiseres gritar e, te faltar o pio. Não te assustes, não te assustes meu pequeno petiz. O Silvo será o grito de uma nova aurora, um novo amanhecer, ele será o presságio de algo, de algo que tão cedo, a tua consciência não terá de se esforçar para entender a sua chegada, o seu sentido…

Sentido…enquanto esta palavra ainda derretia lentamente, como gelado em café com leite quente no meu ouvido,
Senti um doce brisa,
Que logo entendi ser a despedida do pequeno Pardal,
Ainda de fuga,
Na nesga da minha íris,
Vi as suas castanhas e brilhantes penas,
Perderem-se no raio de luz,
Que vinha trespassando os labirintos de troncos,
Foi assim que ele desapareceu,
À velocidade da luz,
Num raio de luz!

Presente!
Foi então que tudo aconteceu,
O meu grito não ecoou,
Muito menos fez-se ouvir,
Mas o Silvo,
Esse era único,
Ao longe algo castanho vinha dos céus,
Julguei ser o Pardal que voltara,
Mas não,
Este descrevia movimentos ondulantes e incertos,
Como se fosse beijado pelo vento,
Foi aos poucos,
Que a minha retina foi traduzindo para o meu inquieto cérebro,
Que aquela textura que de lá vinha,
Era nada mais que uma muito pequena folha,
Uma pequena folha de Outono,
Alguém havia desligado o som de tudo o que me rodeava,
E só tinham deixado um canal aberto,
Ouvia como ninguém o seu esvoaçar,
Cada vez mais perto até ao seu chegar,
Estava imobilizado,
De olhos esbugalhados,
Foi então que ela bateu na minha face,
Afinal não era tão pequena assim,
Cobria-me por completo a cara,
O vento contrário fazia questão que se mantivesse presa em mim,
Tentei respirar,
E Respirei,
Tinha um aroma de natureza,
De uma natureza única,
Como se me tivessem dado para cheirar um elixir de estratos de toda a floresta,
Deixei-me levar,
Não sei por quanto mais tempo ali fiquei,
Mas sim, fiquei.
Foi então que os nervos da folha se transformaram,
Começava a ganhar outra textura,
Era algo mais esponjoso mas macio,
Suava a algo familiar, mas não havia ainda encontrado um adjectivo,
Um sinónimo que seja,
Sim eras Outono,
Sim vieste do passar das estações,
Desprendeste-te dos ramos,
E deste-te ao vento,
Agora aqui estás em metamorfose,
E eu vejo.
Sou espectador.
Já não és uma folha,
És agora um grande Cachecol de lã castanho,
Que me envolve o pescoço e um pouco da boca,
Como gola alta,
Olho em frente e vejo o pardal para lá da iluminada colina
Sei que é por ali a “estrada dos tijolos amarelos”,
Tremo de mim e aconchego,
E digo-te:

- Obrigado Folha de Outono em cachecol mel, já não sinto frio… -

Os ramos agora despidos das árvores, vêem a minha silhueta em contra luz desaparecer para lá da colina.

O nevoeiro inunda o silêncio da Floresta,
E a marca dos meus pés ainda estão no mesmo chão,
Que não outro.

Desapareci!

Desenho e Conto: David La Rua

Chuva de Vinyl



Desenho: David La Rua 2007

Mulher Desmembrada



Desenho: David La Rua 2007

Era Já de Noite



Curta Metragem

Hi8

Realização e edição: David La Rua

Com: Raquel Fialho

Sim já era de noite quando começámos a filmar. "Vamos fazer um filme esta noite?" - Disse ela.
Este foi o único argumento que este filme teve e, talvez as folhas de Outono na Avenida da Liberdade...

Euphoria



Curta Metragem Experimental
No âmbito do Festival Black&White do Porto

Mini-DV Panasonic DV-X100b

Realização e Edição: David La Rua

Com: Fábio Vilares